Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
22 abril 2006
Touraine e Bourdieu
Quando senti que tinha chegado a altura, perguntei:
-Professor, o que o distingue de Pierre Bourdieu?
Imediatamente Touraine ficou nervoso. Comeu algo e respondeu, célere:
-Bourdieu está do lado dos determinismos, eu do lado da liberdade.
Vocês sabem: Bourdieu foi sempre acusado de manietar o homem nos determinismos e Touraine sempre defendeu, dizem muitos, o “actor” livre.
O que Touraine disse é rigorosamente falso: Bourdieu estudava os homens (atenção: termo genérico que não exclui as mulheres, claro) para melhor os libertar (quanto mais conscientes estamos daquilo que nos determina, mais livres podemos ser), a sociologia de Touraine mostra com frequência o peso desses determinismos.
E, já agora, deixem-me contar a forma como Touraine começou a lição inaugural de um curso seu na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais:
-A mulher não existe, é uma criação masculina.
Ora, “ A dominação masculina” é, exactamente, o título de um dos livros mais belos e controversos de Bourdieu.
1 comentário:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Olá,
ResponderEliminarSou professora universitária no Brasil. Procurava materiais sobre Touraine e achei o seu blog. Achei interessante e concordei com a comparação. Sou também editora de uma revista eletrônica de psicologia social. Se quiser visitar o nosso site é http://gabi.ufsj.edu.br/Pagina/ppp-lapip . Obrigada, Lúcia Afonso