O discurso dominante sobre o mundo social não tem apenas a função de legitimar a dominação, mas, também, de orientar a acção destinada a perpetuá-la e a disfarçá-la. O nosso dever é o de, a todo o momento, mostrar como se isso se processa, é o de desvelar as infra-estruturas dos que nos determinam, nos naturalizam e levam, muitos de nós, a aceitar o estado de naturalização.
Quanto mais conscientes formos dos determinismos sociais, mais livres nos podemos tornar, exactamente porque desnaturalizamos o que é social e pode mudar. Temos de reencantar o que chamamos ciências sociais, infiltrando-as com o vírus da emoção e da solidariedade, com a militância, com a nossa disponibilidade e a nossa coragem de usarmos o conhecimento não para os poderosos, mas para os deserdados.
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