Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
▼
▼
20 dezembro 2011
Sobre a qualidade do ensino em Moçambique (34)
"Eu mesmo tenho frequentemente lembrado que, se existe uma verdade, é que a verdade é um lugar de lutas." (Pierre Bourdieu) Mais um pouco da série, trabalhando com o sumário proposto, rigorosamente apenas lançando ideias e hipóteses, procurando continuamente problematizar um tema que requer pesquisa aprofundada. 6. Factores marginalizados - distância casa/escola. Julgo ser possível defender que são muitas as nossas crianças que, diariamente, em particular nas zonas rurais, têm de percorrer enormes distâncias entre as suas casas e as escolas, não poucas vezes sem terem comido o que quer que seja. Esse esforço tem efeitos negativos no seu rendimento escolar. Igualmente há professores que precisam de percorrer grandes distâncias entre as suas casas e as escolas onde leccionam. Neste como nos casos anteriores que tenho estado a colocar à vossa consideração, estudantes e professores não podem ser encarados como meras peças do mesmo tipo do processo de ensino/aprendizagem, independentes de relações sociais assimétricas. Prossigo mais tarde. Crédito da imagem aqui.
(continua)
Adenda às 6:29: "Os debates nos meios de comunicação sobre a qualidade da educação parecem
sofrer da “síndrome do cobertor curto”: quando se puxa a reflexão para um lado, esquece-se outros lados do problema. Já dizia o velho Hegel que a verdade é o todo.
Parece uma casa em reforma em que se acredita que o problema está apenas no
encanamento: troca-se o encanamento, mas o chuveiro continua não funcionando
direito. Então, coloca-se de novo o encanamento antigo e troca-se a fiação elétrica. De
novo, o chuveiro não funciona. Volta-se a fiação antiga, e vai se consertar o telhado, etc.
Depois, alguém dá o veredicto de que a casa não tem jeito, que resiste às mudanças..." - texto do brasileiro Celso Vasconcellos intitulado "O desafio da qualidade da educação", sugerido por Manuel Lobo, aqui. Adenda 2 às 7:57: confira este trabalho inserto na versão digital de "O País" de hoje, aqui.
Uma escola precária, a 15 km da cidade, com uma praia paradisíaca a 100 m é convite tentador para faltar as aulas...assim sempre foi, mesmo quando eu andava na Escola.
Acho o exemplo forçado sr. Professor.
Talvez vos perguntasse porque razões, um aluno indiano ou chinês vivendo em condições muito mais deploráveis, prefere continuar na sala de aulas ao invés de dar um mergulho no mar...
Portanto, muitas vezes preferimos ficar a falar das unhas dos nossos pés. E quando assim é, o nosso horizonte visual estreita-se e fica preenchido por elas...
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Há por aí muitos "especialistas" cheios de ideias de gabinete.
ResponderEliminarPois é há mesmo mesmo os analfabetos são sabichões.
ResponderEliminarA elite pouco preocupada está com "problemas cá em baixo"...
ResponderEliminarUma escola precária, a 15 km da cidade, com uma praia paradisíaca a 100 m é convite tentador para faltar as aulas...assim sempre foi, mesmo quando eu andava na Escola.
ResponderEliminarAcho o exemplo forçado sr. Professor.
Talvez vos perguntasse porque razões, um aluno indiano ou chinês vivendo em condições muito mais deploráveis, prefere continuar na sala de aulas ao invés de dar um mergulho no mar...
Entretanto, sugiro uma leitura profilática disto:
http://www.aprendervirtual.com.br/noticiaInterna.php?ID=67&IDx=80
Mais depoimentos...
ResponderEliminar1-http://robertomoraes.blogspot.com/2006/09/ensino-na-ndia.html
2-http://www.iltec.pt/divling/_pdfs/linguas_guzerate.pdf
3- http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=11981
4-http://www.sidneyrezende.com/noticia/8052+japao+de+olho+no+ensino+da+india
Portanto, muitas vezes preferimos ficar a falar das unhas dos nossos pés. E quando assim é, o nosso horizonte visual estreita-se e fica preenchido por elas...