Outros elos pessoais

08 outubro 2011

Para ganhar as eleições em Quelimane (2)

Prossigo esta série de teor perverso, ainda com alguma introdução histórica.
Quelimane ou Cálimane: a cidade dos prazos, dos Machuabo, das donas/sinháras de enorme poder, dos antigos adhari, berço da imprensa escrita em Moçambique, ponto arquimédico de culturas de todos os azimutes, dos segredos nocturnos, dos amores sem fronteiras, dos rostos femininos de uma beleza secreta e mestiça espreitando em janelas fantásticas de casas paradas no tempo e bula bulando nos quintais.
Prossigo mais tarde. Foto reproduzida daqui.
(continua)

10 comentários:

  1. Professor! Confesso que fiquei comvido com a forca lirica e pujanca da entrada! So pode assim escrever que tem em suas veias o sangue zambeziano (no sentido lato)! De facto Tete e Quelimane trocaram entre si o titulo de capital da Zambezia! Estou ansioso em ler e quica em deleitar-me com prosa tao inspiradora! ha muito qu no viajavaem tao bas companhias historico-literarias! Bon vouyage Professeur!

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  2. Lendo a última página do SAVANA desta semana, um semanário tido como voz independente autorizada do partido FRELIMO, um título se destaca:" Lourenço Aboobacar: o homem que se segue". Até aqui, nada de novo.
    Mas no desenvolvimento, a redacção daquele jornal avança: "...Bico como vencedor da segunda volta do escrutínio. Bico, um mestiço natural de Pebane que derrotou José Carlos Cunha, director provincial adjunto do Plano e Finanças...". Subentende-se aquí - não mestiço -> preto. E prosseguem adiante:"...Pio Matos, um homem que se tornou popular pelo seu envolvimento no associativismo desportivo. Matos é fluente em Chuabo e é mestiço, um dos condimentos tradicionais do imaginário histórico de Quelimane, conhecida informalmente no passado como a "capital dos mulatos" de Moçambique...". Isto fez-me recordar o que um senhor barbudo dizia nos anos 70 quando visitava aquelas paragens para tenebrosos comícios. Ora, sinceramente, por conhecer alguma História de Moçambique, sobretudo a génese do Sistema de Prazos. E temendo estar a enfiar os pés pelas mãos, gostaria de saber onde, em Moçambique, ficam informalmente as capitais dos "monhés", dos "brancos", dos "chinas" e porque não dizer dos "pretos" também...

    E faço votos que, o candidato da Oposição, que é preto, nos esclareça se vai angariar os votos dos Quelimanenses confiante na Estatística de votantes ou na História que o dá já como antecipadamente derrotado, porque dificilmente conseguirá ser mulato até às Intercalares.

    Porque afinal, pensava eu, os Quelimanenses tinham afinal problemas muito menos sérios a resolver, como Saúde, Habitação e Educação, etc. etc. Minudências ante a necessidade de se reeditar agora o Sistema de Prazos do Zambeze.

    Ao que nós chegámos em Moçambique, em nome do caciquismo-científico...

    Pergunto-me. Onde estavam o editor (Fernando Gonçalves) e o director (Fernando Lima) daquele Jornal, quando consentiram veicular pontos de vista racistas e regionalistas usando a bandeira independente do seu órgão de informação?

    Disse.

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  3. Pois é Ricardo. A racialização dos espaços sociais constitui uma atitude frequente, consciente ou inconsciente. Mas não diria que se tratam de "pontos de vista racistas". Simplesmente racialistas.

    Já agora, gostaria de colocar uma questão provocadora: Qual é a capital dos homens que não têm "raça"?

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  4. Confesso que cada vez que escrevo a palavra raça me sinto como se tivesse que apanhar um rato morto para o pôr no lixo. Estremeço e fico com os pelos em pé. É das palavras mais enfermas e horripilantes da língua portuguesa, tanto no significante, como no significado. (enquanto me arrepio) Arre! Que raça!

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  5. Sr. Feijo, temo que venha a ficar sem resposta. Mas se o meu lar pudesse ser uma capital, ele seria sem duvida a capital dos homens e das mulheres "sem raca"...

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  6. Também li o artigo não assinado, baseado no 'sangue da cor'.

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  7. Quando se esgotam os argumentos, entram pela porta da frente a raça e a tribo.

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  8. Magu Adriano10/10/11 1:10 p.m.

    So lamento que seja o Savana a publicar tais coisas.

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