Outros elos pessoais

10 setembro 2010

Novo discurso e novos líderes

O sismo popular de 1/3 de Fevereiro revelou mais um fenómeno ao qual tem sido prestada pouca atenção: a falência do discurso autista centrado no slogan (combate à pobreza nuns casos, combate à pobreza absoluta na maior parte dos casos) e na mimese ad nauseam de palavras populistas, fora de contextos e de oportunidades adequadas. Parece que ninguém dos portadores da palavra oficial está disposto a saber o que o povo, em sua diversidade, em sua riqueza, entende por pobreza, relativa ou absoluta, o que ele entende por combate à pobreza, o como ele acha que se pode combater a pobreza.Tenho para mim que um novo discurso terá de nascer e, especialmente, que um novo tipo de líderes estatais terá de ser produzido. Se a história se repete uma vez como tragédia, seria inoportuno que, agora, se repetisse como comédia.

4 comentários:

  1. O maior problema nao e o discurso em si. O problema e saber quem discursa e quem poe em pratica o discurso e as iniciativas. Querem todos discursar e ninguem quer por a mao na massa. Desde o PR ate o lider comunitario e em tabela o campones, e so discurso. Uma coisa e certa, precisamos de trabalhar mais e falar menos, reclamar menos, pedir menos, produzir mais. Parece que temos um pais com muitos oficiais e poucos soldados, todos querem mandar e ninguem quer trabalhar.

    Aqueles de quem se espera "materializar" os discursos e iniciativas nao so nao o fazem como muitas vezes nao deixam fazer. Quem ja tentou abrir uma empresa ou implementar um projecto sabe do que estou a falar. Sao caixas de ressonancia especializadas a dificultar o desenvolvimento ao contrario do que deles se espera: ja em muitas ocasioes o PR disse que e preciso mudar a atitude, a mentalidade...

    Por outro lado me parece que o ha cada vez um maior numero de gente formada que se auto-intitula experts disto e daquilo. Podem ser experts de tomate hoje e amanha de experts de ciclones amanha, etc. Estes tambem nao poem mau na massa. Alguns deles estao a profissionalizar-se em workshops. Outros andam de consultoria em consultoria muitas vezes ou quase sempre consultorias que nao produzem nada. Desajustadas e mal elaboradas essas consultorias so servem para sacar alguma mola e engaveta-las. A estes eu chamo nao de experts mas de espertos/papistas.

    VAMOS trabalhar......mais comida e menos papo....

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  2. Excelente artigo.

    Destaco, se permitido me for:

    - na mimese ad nauseam de palavras populistas;
    - um novo tipo de líderes estatais terá de ser produzido;
    - seria inoportuno que, agora (a história), se repetisse como comédia.

    Meus comentários:

    A frelimo já era, e eles sabem. Daí que os novos líderes tenham que ser procurados, têm que sair doutros contextos - mais do mesmo???, "(desr)evolução na continuidade, também já não dá.
    Já era - só vai demorar mais um pouco, ainda.

    A história em Moçambique, nos últimos tempos, não é só "comédia", infelizmente - a comédia dá para rir.
    É uma tragicomédia - uma tragédia que "ninguém" leva a sério.

    "Aí é que está o problema", como diz aquele muana Sena.

    Dá vontade de chorar.
    Mesmo.

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  3. Passou despercebido neste blog, possivelmente por estarmos concentrados nos nossos proprios problemas, identicas medidas tomadas em Luanda para o sector dos combustiveis...

    Digo isto, porque quase ninguem se apercebeu:

    http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=8&idRec=8680

    Alias, quem viu a TPA nesta ultima semana, bem pode observar o super-destaque dado ao porta-voz do MPLA - o Falcao - para expor de sua justica aquilo que qualificou "Apelos a desobediencia civil feitos pela UNITA...". E a inexistencia de contraditorio na noticia. Isto e, a TPA nao se deu ao luxo de:

    a) Pedir ao MPLA provas da sua alegacao;

    b) Perguntar a UNITA se corroborava com a acusacao;

    c) Ir a Radio Despertar, ouvir o (s) jornalista (s) que "incitavam a populacao".

    O que e certo, No dia seguinte, ASSASSINARAM o jornalista que supostamente "falava de desobediencia civil"...

    E mesmo apos o seu assassinato, a TPA decidiu ignorar este acontecimento na totalidade. Preferindo, ao inves, repetir o comunicado do MPLA em todos os telejornais!

    Estes sao os factos democraticos inquestionaveis de Angola. Mas alguem se preocupa com isso?!...

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  4. Ricardo reconheco que li a notícia com menos atencão o que não é bom.

    Mas também há uma coisa estranha entre nós. O CanalMoz publicou que Hermínio dos Santos foi atingido com balas de borracha num dos dias das manifestacões:
    Polícia atingiu líder dos desmobilizados de guerra
    .
    O mais estranho é que calou-se, calámo-nos. Será que não é preocupante, sobretudo nas circunstâncias em que isto aconteceu e pelo braco de ferro entre ele e os homens do Pacheco? Será por medo?

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