Outros elos pessoais

29 setembro 2007

A cola-tudo ndau

Volta e meia aparece alguém a contar as pessoas de acordo com a sua origem étnica. Na verdade, a etnicidade é uma cola terrível: quando agarra alguém, não sai mais. A propósito disso, temos o Sr.Cristóvão Nhacatate, antigo deputado da Assembleia da República pela bancada da Renamo-União Eleitoral, que ocupa um bom espaço no "Notícias" de hoje a propósito do que considera ser uma excessiva predominância ndau no seio da Renamo. O Sr. Nhacatate considera mesmo que a Renamo poderá sofrer revezes nas próximas eleições devido ao tribalismo em geral e ao ndauísmo em particular. Prestem atenção a este exercício de contabilidade ndauista: “Se formos a ver, no Município da Beira o presidente da edilidade é ndau, a maioria dos vereadores e directores municipais também são ndaus, os chefes de departamento, dos postos e os secretários dos bairros também são todos eles ndaus. Mesmo a nível da polícia municipal foram recrutados antigos guerrilheiros da mesma tribo que gozam de plena confiança de Afonso Dhlakama. Este exemplo é muito bem elucidativo de como o tribalismo impera no seio da Renamo”.

6 comentários:

  1. Ao ler esta postagem, ocorreu-me uma expressão popular e que considero uma boa síntese vocabular
    Ei-la:
    "Chamar os bois pelos nomes"

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  2. Pois é...No que me toca, amo sempre estudar as substâncias, belas na sua univocidade, definitivas como as tatuagens, certeiras com as bússolas. Especialmente as étnicas, quando politicamente úteis. E prosseguirei a agrimensura desse substancialismo.

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  3. Professor.
    Penso que é sua a frase mais ou menos com o seguinte teor: "Antes de estudares o racismo, dos outros, pergunte-se se não habita um racista dentro de si". Acho que se aplica a este caso. Quem está pôr em acto o tribalismo, neste caso, os contabilizados(ndaus) ou o contabilista?

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  4. A questão de tribalismo em toda esfera da sociedade (partidos, instituicões estatais, privadas, organizacões, etc) pode ser uma realidade em Mocambique. E agrava-se quando se torna tabu o seu estudo. É algo para não falar com o risco de ser rotulado tribalista e assim é difícil combater. A Graca Machel já falou mais ou menos do mesmo problema na Frelimo. Segundo o meu ponto de vista, o tribalismo em Mocambique está ligado ao nepotismo.

    Entretanto, o conto do Cristóvão Nhacatate é muito interessante. Eu prefiro em analisar a postura Cristóvão Nhacatate. Não consegui ver de que etnia ele era e de como chegou a ser deputado pela bancada da Renamo. Não consegui ler em linha nenhuma de como ele, como quadro da Renamo que foi, trabalhou para combater o tal tribalismo que alega. Não consegui ver onde ele diz que não haver tribalismo. Acima de tudo fala do problema de Chemba que não é só a Renamo que fala das perseguicões, mas o PDD, jornais independentes como o Zambeze e até mesmo confirmados pela Procuradoria geral da República em Sofala.

    Então, que trabalho está a prestar o Cristóvão Nhacatate na sua entrevista. Quanto ao Notícias, há aqui alguma diferenca com os ditos que desertam da Renamo e PDD para se filiarem à Frelimo que está comprometida no combate à pobreza absoluta?

    Vou vendo em que isto desenvolve...

    Reflectindo.

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  5. Aqui fica o seu comentário, aqui ficam as suas preocupações. Prossigamos! Abraço.

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