31 janeiro 2016

Aproxima-se o 10.º aniversário do DS

Aproxima-se o 10.º aniversário do "Diário de um sociólogo", nascido a 18 de Abril de 2006.

Bobs 2016: "Diário de um sociólogo" de novo a participar

Entre 4 de Fevereiro e 3 de Março serão feitas as inscrições para o Bobs 2016, concurso internacional de weblogues da "Deutsche Welle" em 14 línguas. Este ano estarão em jogo quatro categorias: Mudança Social, Tech pro Bem, Arte e Cultura e Jornalismo Cidadão. Aqui. O blogue "Diário de um sociólogo" tem concorrido desde 2007, tendo sido seleccionado em 2007 e 2008 como um dos dez melhores weblogues em português entre 559 concorrentes (2007) e um dos onze melhores entre 400 concorrentes (2008). Conto com o vosso apoio na inscrição deste blogue. Leia uma entrevista divulgada em 2008 no UOL, aqui.

O pulo mundial do metical este ano segundo Bloomberg

Leia o que reportou a agência financeira norte-americana Bloomberg sobre o pulo mundial do metical este ano, mas com a ressalva de que a situação poderá piorar, aqui.

Prismas sobre refugiados no Malawi

A 11 deste mês a "Voz da América" reportou no seu portal que centenas de pessoas da província de Tete se refugiaram no Malawi fugindo de atrocidades atribuídas às forças governamentais após dois ataques da Renamo. Aqui. Hoje, o semanário "domingo" divulga na sua edição digital uma versão bem diferente, confira aqui.
Adenda às 05:44: entretanto, leia uma notícia da "Agência de Informação de Moçambique" sobre um ataque em Gaza atribuído à Renamo, aqui.
Adenda 2 às 05:46: segundo a "Lusa", um porta-voz da Renamo afirmou que a notícia era falsa pois tratou-se de "confrontos entre eles", leia aqui.
Adenda 3 às 06:05: uma precaução: se alguém nos diz que viu um leão na cidade de Maputo, a nossa atitude não deve ser de aceitar isso só porque alguém diz ter visto o leão (uma, duas, três pessoas, uma multidão a dizê-lo), devemos esforçar-nos para saber se isso efectivamente aconteceu, analisando fontes, tipo de fontes, credibilidade do (s) informador (s), frequência do fenómeno, etc. Desconfiemos dos consensos de fácil digestão e façamos do não às evidências primeiras o princípio para chegarmos ao sim da pesquisa e da credibilidade processual.
Adenda 4 às 17:20: compare-se, para informação hoje disponibilizada, este relato da agência portuguesa "Lusa" aqui, com este da "Agência de Informação de Moçambique", que cita o semanário "domingo", aqui.
Adenda 5 às 18:34: De uma postagem deste diário de 02 de Novembro de 2015: "Aqui e acolá, tirando partido da inquietação e como que da componente subliminar das pessoas, surgem relatos de hecatombes bélicas, irrompem descrições de fenómenos objectivamente fabricadas para causar inquietação e pânico, reportagens com fontes havidas por credíveis dando conta de dezenas de mortos e de feridos em combate [leia por exemplo aqui], recurso a fontes que só têm um lado emissor, saladas informativas ruidosas juntando dados prepositadamente fora do contexto, proliferaçãp de arautos da tragédia sem fim multiplicando sem pausa, por mil caminhos, textos castrenses, etc." Leia mais aqui.

Recursos de poder

Conflito e harmonia, ruptura e integração são processos indissociáveis dos sistemas sociais. E um conflito social tem, entre várias regras básicas, a seguinte: grupos politizados e politizando lutam sempre pelo monopólio dos recursos de poder.

30 janeiro 2016

O camponês eloquente

O historiador congolês Jacques Depelchin, neste momento no Brasil, escreveu-me hoje a dizer que sairá dentro de dias em 12 línguas (nove africanas e três europeias) o livro [conhecido com o título em epígrafecom a capa anexa, texto aqui. [amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato]
Por vezes vale a pena na vida ir muito atrás no tempo para compreender e gerir este presente.
Nota: a convite do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane, Jacques estará em Maputo em Março para gerir um seminário sobre investigação.

"À hora do fecho" no "Savana"


Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1151, de 29/01/2016, disponível na íntegra aqui:
Nota: de vez em quando perguntam-me por que razão o ficheiro está protegido com senha e marca de água. Resposta: para evitar que os ávidos parasitas do copy/paste/mexerica o copiem, colocando-o depois no seu blogue ou na sua página de rede social digital com uma indicação malandra do género "Fonte: Savana". Mas, claro, um ou outro é persistente e consegue transcrever para o word certos textos, colocando-os depois no blogue ou na rede social, mas sem mostrar o verdadeiro elo. Mediocridade, artimanha e alma de plagiador são infinitas.

Ano do renminbi em África?

No macauhub: "Países africanos como Angola e Moçambique procuram alternativas aos escassos dólares norte-americanos, levando alguns analistas a decretar 2016 o “ano do renminbi em África”, no qual Macau pode ter um papel importante." Aqui.

29 janeiro 2016

Produção da cultura do medo

É importante investigar as modalidades pelas quais se cria e recria em permanência no país a cultura do medo - medo da violência, medo da guerra, medo do crime -, por exemplo analisando discursos de políticos, textos de jornais e conteúdos de redes sociais.

20.º número: como se forma a cultura do medo?

Em data que anunciarei oportunamente, entregarei à "Escolar Editora" o 20.º número da coleção "Cadernos de Ciências Sociais", intitulado "Como se forma a cultura do medo?", com autoria de Bóia Júnior [professor universitário, psicólogo e psicanalista] de Moçambique e, do Brasil, Sergio F. C. Graziano Sobrinho [professor universitário e advogado] e Ricardo Arruda [professor universitário e sociólogo].

19.º número entregue hoje à "Escolar Editora"

Às 08 horas locais de hoje entreguei à "Escolar Editora" o 19.º número da coleção "Cadernos de Ciências Sociais", intitulado "O que é ideologia?", com autoria de Marcela Tavares de Mello, Pedro Benjamim Garcia, Alipio de Sousa Filho (todos do Brasil) e João Feijó de Portugal.

Amanhã na íntegra neste diário

Bem mais difícil

Temos o hábito de fazer das consequências das relações sociais as suas causas. Bem mais complicado é aceitar como dado de partida as condições sociais que geram os comportamentos que transformamos em consequências, bem mais difícil é transformar a violência não num fundo inerente aos seres humanos, mas numa consequência das relações nas quais estamos inseridos, relações que simultaneamente construímos e nos constroem.

Sobre crime

Quanto maior for a desigualdade social maior será o coeficiente de crime existente. As sociedades que puderam distribuir melhor a riqueza social são aquelas com um menor coeficiente criminal. O criminoso não é um fenómeno natural, mas social. 

28 janeiro 2016

Quanto mais provinciana é a alma

Quanto mais provinciana é a alma mais dificuldade há para sair do território clanístico ou étnico e adoptar a plenitude da nação.

Recursos de poder

Quem quer chegar ao poder político, quem se apresenta colectivamente como grupo aspirando a disputar recursos de poder, sofrerá uma impiedosa e permanente estigmatização por parte dos gestores estatais desses recursos.

No dito mundo tradicional da cidade de Maputo

Se por um lado não existem já verdadeiramente nem tradição nem modernidade, por outro vai-se àquela para tradicionalizar esta e a esta para modernizar aquela consoante os momentos, os processos e as cristas das tensões sociais. O presente é encarado com os olhos do passado, o passado com os olhos do presente. Oscila-se, como um pêndulo, à procura da vertigem do futuro ao mesmo tempo que se faz marcha-atrás à busca das âncoras de todos os dias, subvertem-se hábitos, acomodam-se subversões. Este é, afinal, um mundo misto, polissémico, do entre-dois, transfronteiriço, lábil, onde em lugar de estados há transições, onde não se é nunca mas se está a ser constantemente, ele é, finalmente, um mundo anfibológico.

27 janeiro 2016

Cada vez mais impressionante

É cada vez mais impressionante o parque, sempre em expansão, das moradias e dos condomínios de luxo que povoam a cidade de Maputo, como impressionante é a construção sem fim de enormes prédios para arrendamento. Não menos impressionante é o crescimento dos bairros de lata e adobe, quantas vezes paredes-meias com as moradias e os condomínios de luxo. E entre os rudes extremos do social, sob formato digital, ficam estas pequenas e modestas aguarelas descritivas.

Negócios em Moçambique

Em epígrafe os cabeçalhos das três mais recentes notícias do mundo de negócios em Moçambique a conferir aqui

Segundo o WF

Segundo o "Wamphula Fax" digital de hoje.

Saber afastado do saber comum das comunidades

Os cientistas sociais são um produto histórico da divisão social de trabalho, herdeiros dos intelectuais clássicos, retirados das funções básicas da produção física imediata. Nasceram da organização universitária especialmente desenvolvida a partir do século XIX. A sua função consiste em pensar o social e em produzir conhecimento organizado segundo regras academicamente estabelecidas. O ideal é o alcance de verdades de alguma maneira empiricamente validáveis e radicalmente distintas do saber revelado do tipo religioso, da dedução racional do tipo filosófico e das diversas formas de saber simbólico. Pouco a pouco, os cientistas constituíram-se em grupos separados por fronteiras disciplinares, mas todos comungando na profissão de um saber afastado do saber comum das comunidades e operando em estabelecimentos especiais. Esse saber especial exercita-se nas salas de aula, nos seminários, nos congressos e nos livros. Mas é necessário passar por ritos iniciáticos. O cientista atinge o patamar da sabedoria universitária formal através do grau de Doutor (o famoso PhD dos cartões de visita). A toga cardinalícia é o selo da ascenção à maturidade. Cumpridos os ritos iniciáticos, percorrida a estrada de Damasco, ascendidos à maturidade institucional graças ao doutoramento, operando em estabelecimentos especiais, os cientistas dão então curso ao saber especial, ao saber afastado do saber comum das comunidades, das pessoas do dia-a-dia.

26 janeiro 2016

Lá no Niassa


Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato. Nota: em Yaawokucela significa amanhecer. O jornal Faísca é editado em Lichinga, capital provincial do Niassa. Sobre a província do Niassa, confira aqui.

Dispensa bastões e metralhadoras

No mundo de causalidade, diagnóstico e terapia a cargo dos milhares de curandeiros existentes no país, os problemas sociais são sempre considerados produto da bondade ou da malignidade dos espíritos ou da magia à distância de alguém perverso. No fundo estamos perante uma espécie de Polícia Simbólica de Intervenção Rápida, sempre no terreno. Este processo de imputação e de transferência das causas dos problemas sociais para seres para-humanos e/ou para operações mágicas é politicamente útil pois dispensa bastões e metralhadoras.

25 janeiro 2016

Equipa do tema "O que é colonialismo?"

Fotos dos membros da equipa que está a trabalhar no tema "O que é colonialismo?" da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", a saber: Rosa Perez e Pedro Manuel Pombo de Portugal e Heloisa Toller Gomes e Jorge Márcio de Andrade do Brasil.

Equipa do tema "O que é masculinidade?"

Fotos dos membros da equipa que está a trabalhar no tema "O que é masculinidade?" da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", a saber: Sofia Aboim e António Manuel Marques de Portugal e Maria Aparecida Souza Couto e Adalberto Goulart do Brasil.

No "Savana" 1150 de 22/01/2016, p.19


Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do ratoNota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.

24 janeiro 2016

Erros

Os erros fazem parte da verdade.

Para que servem as ciências sociais?

Fotos dos membros da equipa que vai trabalhar no tema "Para que servem as ciências sociais?" da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", a saber: Valda Colares, Niara Palma e Ricardo Arruda todos do Brasil e Vicente Paulino de Timor-Leste.

Equipa do tema "O que é cidadania?"

A equipa que está a trabalhar no tema "O que é cidadania?", da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", é formada por Mary Garcia Castro do Brasil, Bas´ilele Malomalo da República Democrática do Congo, Amélia Cazalma de Angola e Teresa Manjate de Moçambique.

Equipa do tema "O que é mudança climática?"

A equipa que está a trabalhar no tema "O que é mudança climática?", da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", é formada por Ana Monteiro de Portugal, Mohsin Sidat de Moçambique, Thales Novaes de Andrade do Brasil e Carlos Serra Jr de Moçambique.

O que é ideologia?

Dia 29, sexta-feira, às 08 horas locais, entrego à "Escolar Editora" o 19.º número da coleção "Cadernos de Ciências Sociais", intitulado "O que é ideologia?", com autoria de Marcela Tavares de Mello, Pedro Benjamim Garcia, Alipio de Sousa Filho (todos do Brasil) e João Feijó de Portugal.

Quem ganha, quem conduz, quem influencia?


Com um pouco de atenção, nos mais variados contextos, aos mais variados níveis, em modalidades múltiplas, mesmo naqueles campos e actores que aparentam ser desinteressados, apercebemo-nos de como a luta pela preeminência ocupa uma parte significativa da vida social. Com um pouco de atenção, especialmente de atenção aos fenómenos que parecem sem importância, aprendemos quanto a hierarquia é um eixo de combate, de prazer ou de dor em sua medula de ambição  e luta sem fim.
A esse respeito é útil lembrar o que escreveu o sociólogo francês Michel Crozier, no seu clássico O fenómeno burocrático: "A análise empírica demonstra que [o jogo da cooperação, ao mesmo tempo de conflito e de cooperação, CS] é dominado por problemas de poder; não o poder no sentido político e mais ou menos mítico do termo, esta entidade que reside no topo e que poderíamos um dia capturar, mas as relações de poder, estas relações que todo o mundo mantém com todo o mundo para saber quem perde, quem ganha, quem conduz, quem influencia, quem depende de quem, quem manipula e até onde o faz." (Paris: Éditions du Seuil, 1963, p. 7, tradução minha, CS).

23 janeiro 2016

Equipa do tema "Para que servem as ciências sociais?"

Está já formada a equipa que vai trabalhar no tema "Para que servem as ciências sociais?" da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", a saber: Valda Colares, Niara Palma e Ricardo Arruda todos do Brasil e Vicente Paulino de Timor-Leste.

Um sério problema na EDM

Ninguém atende nos dois números do piquete da EDM na cidade de Maputo, idem no que concerne à linha verde, o portal da empresa está inoperacional, a página no facebook está sem movimento desde 15 de Dezembro do ano passado. Um sério problema que é frequente repetir-se.