04 dezembro 2015

Sobre a televisão

No caso da televisão, a visibilidade do poder simbólico não está apenas naquilo que se vê e se aceita, mas também - e especialmente - naquilo que não se vê. A discursividade ideológica não carece de dizer que é, basta apenas dizer que não é (isto é, efectivamente, bem visível). Uma parte significativa dos programas televisivos ocupados com recreação de vário tipo é bem mais do que isso, do que recreação: é poder simbólico em bruto, é técnica subtil que anestesia, desvia, evacua os potenciais de crítica, integra socialmente. O poder simbólico é menos decisivo em si do que pela nossa aceitação, satisfeita, complacente, digestiva. Em última instância, somos nós quem, afinal, o exige e reproduz, coisa que políticos e empresários conhecem bem.

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