11 outubro 2015

Reconstrução social da figura de Dhlakama [9]

Nono número da sérieSugeri aqui três aspectos a ter em conta na reconstrução social da figura de Dhlakama: 1. Questionamento eleitoral, 2. Rebelião política e 3. Cesarismo messiânico. Finalizo o terceiro aspecto, o que significa finalizar esta série. Cresceu a lenda do herói que se transforma em ave. Ou, noutra formulação, a lenda do messias, como se proclama em páginas de certas redes sociais digitais de admiradores e seguidores de Dhlakama. Mais decisivamente, o que parece ter-se enraizado em certo imaginário do país é a crença de que Dhlakama é um vencedor permanente, que luta sem pausa, que sempre vence os poderosos do governo central de Maputo, que sabe sacrificar-se indo para o mato. É nesse sentido que o exército privado de Dhlakama é legitimado. O que sucedeu no passado, o que a Renamo fez no passado, nada disso agora interessa. As mentes jovens já esqueceram a história, se é que algum dia a souberam verdadeiramente. As multidões que cercam Dhlakama são formadas por muita gente jovem, aparentemente dos escalões mais pobres do país. É nesse alfobre que o discurso cesarista, populista e messiânico do presidente da Renamo ganha espaço e crédito, oscilando entre dois registos primários: o de que vai trazer ordem ao país [preste atenção ao que ele manda fazer aqui] e o de que vai trazer desenvolvimento para o povo. A história da Frelimo comunista - expressão comum nele - ficará para trás, o futuro parúsico é com ele. Uma das suas mais recentes frases é esta: "Tudo o que faço é por este povo pé descalço". Termino recordando o que ficou registado no primeiro número desta série: ontem classificado como criação estratégica do racismo e do apartheid e artífice da destruição e da morte, Dhlakama é hoje glorificado em certos sectores como herói messiânico. Ele próprio gosta de dizer que é o pai da democracia e que lutou para libertar o país. Aqui.

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