02 julho 2015

Sobre a pobreza

Se excluirmos analisar relações sociais concretas seremos presas fáceis da teoria idealista de que a pobreza habita a cabeça, de que a pobreza é coisa de espírito ou de défice de espírito. Na verdade, nada é mais ingénuo do que supor que cada um de nós, com sua vontade, com o seu querer, de per si, é livre de mudar as relações sociais ou de as pôr ao seu serviço pela varinha mágica da vontade; do que supor que é com o esforço individualmente considerado que a vida muda em sua complexa teia relacional de recursos e de oportunidades desiguais. Semelhante tipo de suposições radica na crença de que o social é uma mera adição de indivíduos, uns melhores e outros piores, uns capazes e outros incapazes, uns regidos por Deus e outros, pelo Diabo.

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