19 novembro 2014

Resultados eleitorais e teses preguiçosas (8)

Oitavo número da série. Trabalhando sempre com hipóteses, permaneço no terceiro ponto dos seis pontos sugeridos aqui, a saber: 3. O mundo das teses preguiçosas nos media. Ainda que nenhuma dessas teses, em si ou associada a outras, possa de forma alguma ser excluída como instrumento compreensivo, há, no entanto, quatro fenómenos a ser considerados:
• Não foram apoiadas por uma investigação sistemática , sendo, na maior parte dos casos, um exercício de conversão da realidade às nossas ideias sobre o que julgamos ter-se passado ou que esperávamos dever passar-se. Simples enunciados foram erigidos em verdadeiras soluções.
• Foi evidente o relevo dado especialmente pelo partido no poder quer ao défice de educação cívica, quer às insuficiências técnicas, o que provocou a ira de certos comentadores em jornais. A ideia central por estes defendida foi a de que o povo sabe o que quer mesmo quando é “analfabeto” a um certo nível.
• O comportamento eleitoral foi homogeneizado e evacuado das diferenças sociais.
• Regra geral, esse comportamento foi tomado como uma reacção passiva a fenómenos "exteriores". Poucos analistas tiveram a preocupação de encontrar no comportamento e na diversidade eleitorais a autonomia, a iniciativa e a estratégia.
(reproduzido e adaptado de Serra, Carlos [dir], Eleitorado incapturável, Eleições municipais de 1998 em Manica, Chimoio, Beira, Dondo, Nampula e Angoche. Maputo: Livraria Universitária, 1999, pp. 70-71)

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