15 novembro 2014

A propósito do "Estatuto de líder da oposição"

Um dos pontos que a Assembleia da República vai debater em sessão extraordinária é o Estatuto de Líder de Oposição, ao que parece uma promessa do presidente da República, Armando Guebuza. Isto pode significar que o partido no poder não vai enveredar pela atribuição de uma vice-presidência explícita ao presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, mas por uma fórmula inofensiva, suave, neutra, implícita, desse estatuto, com bom proveito financeiro e prestígio politicamente controlado. Quanto mais denso em termos de prestígio (ainda que não efectivo em termos decisionais no Estado) for esse estatuto, maior deverá ser a esperança da Frelimo de que a Renamo e o seu presidente abandonem a ideia de um "governo de gestão" (uma maneira diferente de dizer governo de unidade nacional), especialmente se for bem sucedida a integração da elite militar daquele partido nas forças de defesa e segurança do país. Por outras palavras: quanto mais a elite da Renamo, militar e civil, se sentir participante na partilha de recursos de poder e prestígio, mais ela é suposta esquecer a mata espartana da guerrilha.
Adenda: repare-se bem na fascinante e perversa simbologia da foto em epígrafe (dir-se-ia algo como "Nyusi iluminando Dhlakama"), extraída do portal da "Rádio Moçambique", aqui.

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