19 outubro 2014

Quintas eleições gerais de Moçambique (8)

Oitavo número da série. No Boletim  sobre o Processo Político em Moçambique (64), com data de hoje e editado por Joseph Hanlon: "Afonso Dhlakama acredita que ganhou a eleição na passada quarta-feira e está a dizer a diplomatas que quer um governo de unidade nacional. Apela para negociações conducentes a um governo de unidade que restruturaria totalmente os aparelhos e as forças de segurança do Estado para remover a influência da Frelimo. Haveria, então, novas eleições em dois anos. [Enfatiza que não se trata de ganhar ou de perder eleições. Afirma que não houve realmente uma eleição e que os diplomatas não devem aceitar em África uma eleição que não seria aceitável na Europa. Assim, quer apoio para um governo de unidade que finalmente traga a democracia a Moçambique.[Em particular, mantém a ameaça implícita de violência. Jovens apoiantes da Renamo atacaram postos de votação em Tete e Ilha de Moçambique na quarta-feira, e a Renamo não desmobilizou ou desarmou os homens que atacaram a estrada N1, em Sofala. Ele diz aos diplomatas que não quer violência, mas os seus apoiantes estão com raiva e ele não tem certeza de que pode controlá-los." (tradução minha do inglês, CS).
Adenda às 15:08: de um comentário no mesmo boletim de Joseph Hanlon: "Desde 1994 que Dhlakama acredita ter ganho as eleições e faz exigências semelhantes após cada eleição. Em 2009, prometeu manifestações e por quatro anos continuou a dizer que haveria manifestações em breve. Finalmente houve ataques na estrada N1 em Sofala em 2013. Claramente a Frelimo não vai aceitar um governo de unidade. A sua linha de fundo nas negociações de paz de Roma em 1990-1992 foi que a Renamo tinha de aceitar a legitimidade do governo e da constituição, no que Dhlakama finalmente concordou. Mas a importância do exemplo do Quénia é que houve um alto nível de mediação internacional, a Odinga foi finalmente dado um alto cargo e o governo foi extremamente expandido para criar postos ministeriais e viceministeriais sem importância para o partido de Odinga. Dhlakama espera que diplomatas pressionem a Frelimo e o governo a fazer grandes concessões, mesmo que não concedendo um governo de unidade." (tradução minha, CS)
Adenda 2 às 15:46: a história parece repetir-se. Eis um extracto do NotMoc Notícias de Moçambique de Outubro de 1994: "Dhlakama vê fraude por todos os lados/Afonso Dhlakama já disse várias vezes que a Frelimo já está a preparar a fraude eleitoral. Também já avisou que não lhe interessa o juízo dos observadores internacionais. "A minha decisão não é influenciada pela comunidade internacional nem por qualquer estrangeiro que esteja no meu país. Como nacionalista desde que eu possa provar que há fraudes, não aceito o resultado. Não aceito. Pronto. Acabou."  Aqui.
Adenda 3 às 19:48: Afonso Dhlakama e a Renamo estão claramente à frente na contagem provisória dos votos na cidade de Nampula para as presidenciais, legislativas e assembleias provinciais. Nas presidenciais, por exemplo, Dhlakama reúne cerca de 69 mil votos e Nyusi da Frelimo cerca de 53 mil - registo do noticiário das 19:30 da "Rádio Moçambique".
Adenda 4 às 20:02: prevê-se que às 21 horas comecem a ser divulgados os resultados preliminares de Quelimane.

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