19 junho 2014

Estética panóptica

Sem dúvida que é uma expressão aberrante, a do título desta postagem, uma expressão aparentemente  contraditória, expressão que procura dotar a mentalidade punitória de uma concepção do belo. Mas tenho por hipótese que há gente que sente beleza na punição, que a anseia pela sua produção instintiva e orgiástica de prazer, que a procura consumir regularmente como complemento da vigilância em geral e da vigilância ideológica em particular, que a erige em guia simbólico de acção na busca do adestramento total e final dos que são diferentes e dos que pensam para além da superfície dos problemas e das receitas. Uma hermenêutica das medidas punitivas propostas por certos opinadores panópticos - como, também, do seu perfil de delatores directos ou indirectos - pode revelar que elas vão, não poucas vezes, para além do perímetro das faltas - ligeiras ou graves - cometidas pelos infractores de normas e leis. Torna-se necessário analisar os potenciais de violência punitória existentes nos que, não poucas vezes, dizem combatê-la.

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