24 março 2011

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local: 
* Genéricos: Dossier "Savana" (5) (edição de 18/03/2011); Luís Mondlane no "domingo"(6)
* Séries pessoais: Ditos (5); Os problemas do problema (4); Desmobilizados de guerra, mobilizados da história (3); Produção simbólica de saúde na cidade de Maputo (6); Cinco riscos espreitando os jovens cientistas sociais moçambicanos (7); Culto da emergência e do herói providencial (5); Ditos (5); O lobo mau (5); Dos megaprojectos às mega-ideias (9); Mal-estar na civilização (10); A cada um segundo as suas necessidades, a cada um segundo o seu Samora (15); O fim dos segredos, dos silêncios e das distâncias (9); O princípio da história (9); À mão a comida tem melhor gosto (10); Da cólera nosológica à cólera social (10); Notas sobre eleições (12); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (54); África enquanto produção cognitiva (23); Política enquanto produção de ideologia (7); Linchar à luz do dia: como analisar? (5) Somos natureza (8); Indicadores suspeitos e comoção popular (11); Vassalagem (4); Cientistas sociais são "sacerdotes"? (9); É nas cidades do país (9); Ciências sociais e verdade (12); Já nos descolonizámos? (13); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

3 comentários:

ricardo disse...

Depois da Libia, a Siria e a nacao que se segue.Convocada grande manifestacao para amanha em todo o pais, para exigit o fim da democracia dinastica.

Ja ha muitos mortos a lamentar.

ricardo disse...

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de
dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por
isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque
eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram
que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém
lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos
duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por
escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na
proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o
país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois
correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade
operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio
nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique
que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e
interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não
poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que
deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou
etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre
emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que
nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como
mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi
ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe
chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a
quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e
inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no
retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem
são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem,
atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são
empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que
inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como
se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes
de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos
nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que
alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que
ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e
indevidamente?!!!
.../...

ricardo disse...

Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme
convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer
melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a
sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma
generalização injusta.
Pode ser que nada/ninguém seja assim.


Comentario: Sou de um tempo em que jovens rebeldes eram FORMATADOS na Escola para nao se afastarem da linha correcta tracada pelos experientes lutadores da patria. Ainda hoje, sofro na pele as agruras de querer fazer diferente do establishment. Estou convicto que, tivessem os jovens da minha geracao ousado contestar o regime que lhes fora imposto, estariam igualmente a serem acusados de nao terem ouvido os sabios conselhos dos mais velhos...por isso, olho com um misto de ironia e receio as nuvens negras que nos chegam de Portugal.

Porque a experiencia de vida, nao se ensina na sala de aulas. Aprende-se simplesmente a todo o momento que a vida nos entende ensinar. E sem dor intrinseca, nao se produz metamorfose. E sem ela, o novo ja nasce velho!