25 outubro 2010

Esta coisa de ter uma "cor"

Na AFP: "PIRAN, Eslovênia — O médico de origem ganense Peter Bossman tornou-se o primeiro negro a ser eleito prefeito de uma cidade da ex-Iugoslávia. E conquistou de um dia para outro o estatuto de astro na Eslovênia que se orgulha de ter, também, o seu "Obama"."
Observação: será sempre fascinante verificar que a qualificação racial pública é, regra geral, produzida pela imprensa. É aqui onde nos ensinam que negros e brancos (cores extremas do espectro tradicional) são primeiro negros e brancos e profissionais de algo e, só depois, seres humanos, é aqui que a ADN simbólica é inscrita nas convições. Assim, Peter Bossam não é médico, mas médico negro. E, agora, provavelmente não se importa nada de ser negro. Curiosa cruzada a de todos aqueles que pretendem acabar com o racismo racializando-o em permanência.
Adenda às 14:51 de 26/10/2010: título logo abaixo constante da página internacional do "Notícias" online de hoje:

9 comentários:

umBhalane disse...

Observação bem observada, claramente vista.

Tomás Queface disse...

As vezes nem sempre é assim. Eu acredito que isto vai contribuir para a melhoria da imagem do "homem negro" que teve a sua imagem degradada nos séculos passados. Este também é um facto insólito porque ocorre numa zona onde acredito ser rara a presença de negros. Sem dúvidas que para mim isto é promover o fim do racismo, pois demonstra que homens de todas as cores e de todos lugares podem fazer a diferença onde quer que seja sem que o factor racial seja levado em consideração.

ricardo disse...

Isto tambem foi noticia...

http://darussia.blogspot.com/2009/09/guineense-pode-ser-o-obama-russo.html

E por ca, quando sucedera?

Reflectindo disse...

Analisando profundamente, pode ser que tem razão de ser porque esta eleicão é histórica na Eslovênia.

E concordo com o Tomás que pode ser que contribua para o combate ao racismo mesmo em Mocambique, onde alguns usam muito o discurso racista. Suponho que os racistas vão tendo dificuldades de fazerem passar as suas mensagens.

Chacate Joaquim disse...

Professor,

É na imprensa onde o negro começou a perceber que estava a ser escravizado, é aqui onde percebeu da exclusão em que está, há racistas originais e há por imitação, a desvalorização da cor e da cultura dos outros é típico do civilizador, quem nega as diferenças em nome do modernismo não é a imprensa!

Anónimo disse...

Apesar de tudo, não deixa de ser um acontecimento notável !!

Paulo; Brasil

Henrique Guambe disse...

Seria possível um presidente branco em Moçambique?

ricardo disse...

"Seria possível um presidente branco em Moçambique?"

Excelente questao. Mas o caso Filipe Gagnaux do Juntos Pela Cidade poderia servir de prologo da mesma.

Recorda-se?

Reflectindo disse...

"Seria possível um presidente branco em Moçambique?"

Estou convencido que precisamos de lutar ainda e duro para que negros, brancos, amarelos, etc sejam cidadãos da mesma categoria. Isto é, há que combatermos o racismo que reina. É notório em muitos compatriotas e não mesmo na net. O caso Filipe Gagnaux é um exemplo concreto. E há mais casos flagrantes.
Eu pelo menos não me canso de denunciar os discursos racistas que são frequentes na blogsfera.