31 julho 2009

Barbara

Nigéria: mais de 400 mortos em confrontos


Mais de 400 mortos "nos confrontos no norte da Nigéria entre os radicais islâmicos do grupo "Boko Haram" e as forças governamentais do país". Mais de 200 corpos recolhidos nas ruas. Entretanto, o líder do Boko Haram, Mohammed Yusuf, terá sido abatido hoje, confira aqui.

Tumultos da África do Sul: Balói expressa grande preocupação

O ministro do Negócios Estrangeiros do nosso país, Oldemiro Balói, expressou hoje grande preocupação (sic) com os tumultos que estão a ocorrer em vários pontos da África do Sul e cujo alvo são os estrangeiros. Milhares de Moçambicanos trabalham naquele país (Rádio Moçambique, noticiário das 19:30). Ataques xenófonos em 2008 provocaram centenas de mortos e o regresso ao país de milhares dos nossos compatriotas.

O linchamento de Jean Paul

Estudante alemão de antropologia social, Thomas Thadewaldt escreveu-me hoje um email e alertou-me para um documentário de 8'20" feito nos Camarões por Francesco Uboldi. Palavras de Thomas: "O filme documenta os últimos minutos da vida de Jean Paul. Jean Paul é considerado 'maluco', 'possesso'. Por causa de um arrombamento, as pessoas amarram Jean no mato para o deixar morrer. As invocações de Jean, misturadas com as explicações 'racionais' e 'indiferentes' do guarda e dos outros camponeses criam uma imagem perturbante (não sei se esta palavra existe) dum evento absurdo. O filme mostra numa pequena, dorida distância, a situação absurda que se desembrulha quando um ser humano sem defesa (todos contra um) deve morrer em nome de um colectivo que se considera justo. O filme oferece muito para a reflexão não só em termos do assunto, mas em termos dos colaborantes passivos com o cineasta ou o antropólogo também."
Com imagens chocantes, veja o filme na íntegra aqui.

Ponte AEG: o grande debate Nuno/Nametil

Tal como prometi em postagem anterior, eis, a propósito da ponte AEG, o debate entre Carlos Nuno Castel-Branco e António Nametil Mogovolas de Muatua (pseudónimo), aqui. Parte do material de Mogovolas surge no Wamphula Fax de hoje e uma das suas cartas assinada com um nome diferente, confira aqui. Obrigado aos dois autores pela autorização que me deram para usar a sua correspondência e ao Eleutério Fenita pelo envio do jornal (mande-mo mais regularmente, por favor...).

Olívia Machel na propriedade imobiliária

Segundo o Africa Intelligence, Olívia Moisés Machel, uma das filhas do falecido presidente Samora Moisés Machel, planeia construir um bloco de apartamentos não muito longe do luxuoso Hotel Polana da cidade de Maputo. Confira aqui. Agradeço ao Marcelo Mosse o envio da referência.

Debate sobre a ponte AEG

Logo que hoje tiver acabado as aulas (começo-as às 13) e repousado um pouco, conto poder dar a conhecer aqui um debate a propósito da ponte Armando Emílio Guebuza (que amanhã é inaugurada), entre Carlos Nuno Castel-Branco e António Nametil Mogovolas de Muatua (pseudónimo). Estou autorizado por ambos a divulgar a correspondência.

Mistérios entre o céu e as prefeituras

Como sabem, houve (e continuará a haver) sérios problemas no centro/norte do país com a crença de que, com suas magias, os poderosos prendem a chuva no céu. Gente houve que disse que isso tinha a ver com analfabetismo e obscurantismo. Escrevi bastante sobre o tema*. Lá no enorme Brasil a preocupação com o clima e com as consequências não é menor e nada tem a ver com a escolaridade das pessoas: "Se é quase impossível prever o clima, o que se dirá então da tarefa de modificá-lo, ora expulsando nuvens de chuva para evitar enchentes, ora fazendo-as se concentrar sobre áreas devastadas pela seca para aliviar os flagelados. Pois não é que as prefeituras das duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, assinaram convénios com a Fundação Cacique Cobra Coral, que se anuncia como tendo poder de interferir nos fenómenos climáticos através de uma entidade espiritual?"
Obrigado à Yla pelo envio da referência.
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*Confira esta série, em 13 números, com o título Ionge: populares acusam autoridades de prender a chuva no céu e esta outra, em cinco números, com o título Leões, chuva, cólera e energia nociva: trajectórias de "guerreiros".

Situação pode agravar-se na África do Sul

A insatisfação popular prossegue na África do Sul, com milhares de trabalhadores municipais em greve, exigindo melhores condições de vida. Há indicação de que os trabalhadores da indústria mineira e do sector petroquímico poderão juntar-se-lhes nos próximos dias. O presidente Zuma afirmou que serão criados 500 mil empregos sazonais até ao fim do ano, mas analistas consideram que será pouco provável que isso venha a acontecer dada a recessão económica que a África do Sul vive. Há o risco de os estrangeiros (aí compreendidos milhares de Moçambicanos) virem a ser considerados, uma vez mais, bodes expiatórios da situação (despacho de João de Sousa, Rádio Moçambique, noticiário das 6 horas).

Ponte Eduardo Moisés Alberto Guebuza

Aqui e acolá, a ponte sobre o rio Zambeze continua a gerar muita publicidade e muito debate. Talvez não devido à ponte em si, mas ao nome que lhe foi atribuído: Armando Emílio Guebuza. A Rádio Moçambique, por exemplo, há dias que dedica muito espaço de antena à ponte e ao seu nome. Enquanto isso, há uma longa carta do economista Carlos Castel-Branco sobre o nome atribuído à ponte (espero publicá-la eventualmente ainda hoje), da qual extraí a seguinte passagem: "A ponte sobre o Zambeze estava inscrita nas directivas económicas e sociais do III Congresso, foi reafirmada no IV Congresso, planificada e orçamentada no mandato do governo anterior (1999-2004), executada no actual mandato (2005-2009). Portanto, se fosse dado um nome presidencial a essa ponte, acho que ela se deveria chamar "Eduardo Moisés Alberto Guebuza"."
Adenda 1: recorde uma crónica do jornalista Fernando Lima com o título "A ponte de Livingstone", aqui.
Adenda 2: eis a carta referida mais acima, produto de uma diálogo entre Castel-Branco e um seu colega economista, divulgada também pelo Canal de Moçambique de hoje, aqui.

"Isabel Rupia injusta e duplamente penalizada"

O jurista João Baptista André Castande não embandeirou em arco no linchamento político de Isabel Rupia (na imagem) e com o título em epígrafe escreveu um trabalho publicado no "Notícias" de hoje: "Assembleia da República, exactamente no final da sessão plenária dedicada à eleição dos cinco Juízes do Conselho Constitucional, previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 242 da Constituição da República. Na verdade, foi uma oportunidade soberana que os digníssimos juristas constituintes da Bancada Parlamentar maioritária desperdiçaram para demonstrar ao povo moçambicano e ao mundo que ainda mantêm vivo e actual o juramento solenemente prestado no início do exercício do mandato, de respeitar a Constituição e as leis. Com tamanha surpresa, tal não aconteceu e antes muito pelo contrário, recorreram a factos ou argumentos fictícios e juridicamente inexistentes para, de forma tão arbitrária quanto grosseira, impedir a concidadã Maria Isabel Rupia de ser provida no cargo de Juíza do Conselho Constitucional, por conseguinte contra a determinação expressa dos números 3 dos artigos 61 e 242 ambos da Constituição da República e da parte final do n.º 1 do artigo 29 do Regimento da Assembleia da República, aprovado pela Lei n.º 17/2007, de 18 de Julho."
Adenda: recorde este editorial do "Savana", aqui.

30 julho 2009

A "hora do fecho" no "Savana"

Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "A hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com "A hora do fecho" desta semana, da qual ofereço, desde já, dois aperitivos:

A ponte de Livingstone

Parte final da habitual crónica do jornalista Fernando Lima no "Savana" desta semana: "Se os guerreiros etéricos ainda estivessem na sua quarentena em Tete, gostaria de lhes perguntar sobre as boas e más vibrações que domesticam o Zambeze abaixo de Sena e Dona Ana. Agora que o carvão promete vir à superfície em Moatize e Benga, imaginam-se novas epopeias navegáveis de Tete ao Chinde. Mesmo com o descontentamento de burocratas e jagunços associados, os novos exploradores de caqui, vayo e gps já chegaram até à Morrumbala, eventualmente a Nsange, recriando os sonhos de acesso ao mar dos descendentes da Niassalândia. Livingstone, mesmo forçado a deixar Mary Moffat em Chupanga, deve estar a sorrir de contente. Com um sorriso trocista, encolhe os ombros quando lhe sugerem que a nova ponte podia ter o seu nome. Homenagem menor, certamente, para quem tem nome de cidade. Rio acima."

Na Guiné-Bissau com Sanhá

A Guiné-Bissau tem um novo presidente, chama-se Malam Bacai Sanhá. Nesse pequeno país fortemente marcado pelo tráfico de drogas e pelos assassinatos políticos, importa também conhecer os problemas que o direito penal pode conhecer quando confrontado com uma sociedade multicultural. Confira aqui.

É preciso despertar

Foi graças a um texto do economista Castel-Branco que encontrei este poema de Vladimir Maiakóvski:

Prémio Direitos Humanos 2009 para Jestina

A proeminente activista zimbabweana Jestina Mukoko (na imagem), acusada de "terrorismo", vária vezes detida, libertada em Maio e tantas vezes referida neste diário, ganhou o Prémio dos Direitos Humanos 2009 concedido pela cidade alemã de Weimar. Confira aqui.
Adenda: neste diário, a última postagem sobre Jestina data de 5 de Maio.

Tou pidir

Por que se protesta na África do Sul?


Quais são as razões que estão à retaguarda dos protestos na África do Sul, já lá vão várias semanas? Leia a resposta num trabalho publicado no portal do Institute for Security Studies, da autoria de Johan Burger, aqui. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.

Homo Vianus, o cruzado

Randulani

Clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem abaixo para a ampliar:

Negócios, Deus e Tadeu

Do portal da milagreira Igreja do Maná, lá onde milita o afirmado apóstolo Jorge Tadeu: "Após um curto intervalo, o Apóstolo Jorge Tadeu (na imagem) falou acerca da importância da livraria destacando e resumindo os seguintes livros: Como fazer projectos?, Autoridade e Submissão e Apocalipse. O Apóstolo pregou que todos devemos compreender que estamos numa batalha espiritual entre Deus e o diabo e qual a verdadeira chamada dos Homens de Negócio aqui na terra. No final da reunião os homens de negócio receberam unção de Deus, através do Apóstolo, para os seus negócios."
Adenda: espero que um dia os nossos pesquisadores decidam estudar em profundidade todos os movimentos do tipo milagreiro/salvacionista surgidos em Moçambique especialmente a partir dos anos 90. E estudar, igualmente, os seus portfólios.

29 julho 2009

Acidentes de viação e ganhometria (3)


Mais um pouco desta série.
Multiplicam-se preocupações, reuniões e medidas para fazer face ao que parece ser um pico sismológico da sinistralidade rodoviária no país. Hoje, por exemplo, estava difícil chegar à Matola devido a um aparatoso acidente envolvendo primeiro um autocarro e uma viatura creio que ligeira e, depois, choques em cadeia.
Alguém me telefonou hoje pedindo-me que tentasse explicar o que se está a passar.
Creio que aqui e acolá já surgiu a crença de que algo de sistemático, de programado, de traçado pelo destino, de extra-humano, está à retaguarda causal dos muitos acidentes que têm acontecido. Acaso? Não, nem pensar, dirão muitos, como um dia disse o matemático Émile Borel: o acaso é apenas o nome dado à nossa ignorância.
Mas - vamos lá fazer intervir o bom senso -, os acidentes que têm acontecido e que se tornaram, de repente, a manchete da nossa imprensa (suplantando a coqueluche do "conflito" homem/fauna bravia), não serão mero produto do acaso ou de mero cruzamento de séries causais independentes?
Ou será que - excluindo a acção premeditada dos maus espíritos e de algum incumprimento de rituais propiciatórios -, atrás daquilo que é a absoluta individualidade, irredutibilidade de um determinado acidente, existe um conjunto, eventualmente pequeno, de situações causais, socialmente determinadas? E que a quantidade de acidentes registados é como que a consequência lógica e ampliada dessas situações causais?
(continua)

Este diário no AMATOMU


Recém-admitido, este diário está em 14.° lugar no rank do news&politic blogs do AMATOMU sul-africano, entre 170 blogues, sendo o único escrito em português. Confira aqui.

Música moçambicana

Certamente foi tarde (como me é habitual) que encontrei um blogue (mas há, claro, outros) com música moçambicana. Procurava música de Mingas e de José Mucavele. De ambos encontrei nesse blogue, a conferir aqui e aqui, por exemplo.
Adenda: sobre José Mucavele, importa reter que ele doou à UNICEF, recentemente, a sua famosa Balada para as minhas Filhas. Confira aqui.

Diário de uma socióloga errante

Sugiro-lhe que confira um blogue com esse subtítulo, da brasileira Mari Ribeiro, de Brasília, aqui.

Chicken à la carte (filme de Ferdinand Dimadura)


Obrigado à Cristina Gomes (no dia 20) e à Teresa Lopes (hoje) pelo envio da referência.

Lubna: chibatadas por usar calças


Para reflectir sobre a democracia: "Uma jornalista sudanesa (Lubna Ahmed al-Hussein, na imagem, CS) está se preparando para receber 40 chibatadas em Cartum, na quarta-feira, como punição por usar roupas "indecentes": um par de calças compridas." A notícia está disseminada por muitos portais na internet.

Exploração desenfreada

De acordo com a Rádio Moçambique (noticiário das 9 horas, despacho do jornalista Nogueira da Silva), há dezenas de trabalhadores da empresa Agrupamento Mineiro em Manica, recrutados em Nampula, que estão sem salários desde o ano passado, sem tecto e sem comida. Foto reproduzida daqui.
Adenda: Existe uma grande preocupação oficial com os salários magros obtidos nos encontros tripartidos, mas nunca soube de um esforço, publicamente dado a conhecer, tendente a saber e a mostrar como vivem e como se reproduzem os trabalhadores dos mais variados misteres deste país.

Sidat, a novidade

Presidente do partido ALIMO, Khalid Sidat, fez ontem apresentar no Conselho Constitucional a sua candidatura à presidência da República nas eleições de Outubro. Tentei saber qual o programa desse candidato que concorre pela primeira vez, mas a única coisa que encontrei foi a seguinte referência do "Notícias": "(...) o seu desejo é melhorar Moçambique a partir daquilo que já se fez até hoje."

28 julho 2009

Traficantes sentenciados no Gana

Três traficantes chineses de seres humanos foram condenados a 41 anos de prisão no Gana. Eles recrutavam mulheres na China sob promessa de trabalharem em restaurantes no Gana. Mas, chegadas a este país, as mulheres eram encaminhadas para a exploração sexual. Confira aqui. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.

Lopes e o regresso ao futuro

Confira um novo trabalho do eng.° José Lopes a propósito de combóios e carvão em Tete, no seu xitizap, aqui.

Domingos e a riqueza

O presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento, Raul Domingos, apresentou hoje a sua candidatura (a segunda desde 1994) às eleições presidenciais de Outubro. Depois falou para a Rádio Moçambique e disse algo que - creio - anteriormente mais ninguém ainda dissera, a saber: o cerne do seu programa presidencial consiste em lutar pela redistribuição da riqueza social e dessa maneira combater o fosso entre ricos e pobres (Rádio Moçambique, noticiário das 19:30).

Prossegue a greve na África do Sul


Mais de 200 mil funcionários prosseguem a greve por melhores condições de vida na África do Sul. Confira aqui e aqui. No que nos concerne, o jornalista João de Sousa tem regra geral um despacho sobe o tema nos noticiários da Rádio Moçambique.

Da coluna de António Marques


Reproduzido da coluna "Longo alcance" de António Marques - presidente do Automóvel & Touring Clube de Moçambique - no "Magazine Independente" desta semana, p. 31. Clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.

Macuácua, o vidente


Clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.

Cuxecuxe?

Alguém deixou ficar, aparentemente ontem, a espécie de "urna" da imagem à porta de entrada da casa de uma família em Lamego, distrito de Nhamatanda, província de Sofala. Depois, hoje, foi o susto e a revolta dos habitantes. Seria sorte, uma vez que a família consultara um curandeiro na véspera? Foi chamado um outro curandeiro que abriu a urna, havendo lá dentro apenas suspeitosos trapos de muitas cores e um pequeno tronco. Obrigado ao Arune Vali pelo envio da foto e da notícia.
Adenda: no campus da Universidade Eduardo Mondlane houve há anos valente preocupação depois que surgiu uma cabra com um cuxecuxe do género ao pescoço. Durante muitos dias ninguém quis aproximar-se do bicho.

Massinga: dois anciãos semanalmente linchados

Cerca de dois anciãos são semanalmente linchados no distrito de Massinga, província de Inhambane, acusados de feitiçaria por seus próprios familiares e a mando dos curandeiros. Um oficial da polícia afirmou convicto que os mentores estavam a ser investigados pois são conhecidos. Afirmou ainda que ninguém pode fazer justiça por suas próprias mãos. Enquanto isso, uma mulher foi obrigada a enforcar-se na vila de Nova Mambone, na mesma província, acusada de ter sido magicamente responsável pela morte de uma pessoa num acidente de viação (Rádio Moçambique, noticiário das 6 horas).
Adenda: é muito possível que a crença na feitiçaria contribua para matar tanta ou mais gente do que a sinistralidade rodoviária ou o tão propalado conflito homem/fauna bravia. As medidas punitivas não irão nunca eliminar o problema. Nem elas nem lições de moral em comícios. O problema é bem mais complexo e diz respeito a todo um sistema estruturado de crenças, sistema que não é combatível com acções-aspirina. O que é isso? Nas palavras de Paulo Freire, são aquelas acções “cujo pressuposto fundamental é a ilusão de que é possível transformar o coração dos homens e das mulheres deixando intactas as estruturas sociais dentro das quais o coração não pode ter “saúde".
Adenda 2 às 6:41: a propósito do tema, trabalha-se para que seja lançado em Setembro o segundo livro da série Linchamentos em Moçambique, sob minha direcção, com o subtítulo "Um okhwiri que apela à purificação".

Zimbabwe: menos HIV devido à crise económica?

A crise económica no Zimbabwe parece estar a contribuir para a redução dos casos de infecção por HIV/SIDA. Veja os detalhes aqui.

27 julho 2009

Conformismo

Tal como os adolescentes, os académicos não têm muitas vezes consciência de quão conformistas são. Também os jornalistas são conformistas. Há um poderosa necessidade de pertencer ao grupo, de pensar como a maioria, de lamber as botas do chefe e de ganhar a aprovação do grupo através da condenação dos impugnadores - Thomas Bouchard, psicólogo americano, confira aqui.

Bichamento para combustível

Bichas enormes em certas bombas de combustível da cidade de Maputo, como, por exemplo, na que está ao lado do Hotel Polana, Avenida Julius Nyerere. Confira uma notícia da STV, aqui.
Adenda: para os leitores brasileiros: bicha nada tem a ver com o que estais a pensar, mas com filas de carros ou de pessoas.

Convicções eleitorais

Adenda: aqui está, expressa pelo bem-falante Edson, uma convicção eleitoral para debate.

Tchete, fungula maso!

Isso mesmo, atenção, abre o olho (tradução da frase em ShiNhungwe em epígrafe). Por quê? O presidente Guebuza visitou a província de Gaza. Surgiram relatórios bonitos, resumidos, cheios de gráficos. Num deles, na página 6, o crescimento foi estimado em 153,8%. Na página 9, escreveu-se que o efectivo bovino da província é de 3276270 cabeças. Ora, o efectivo do país é de 1600000 (semanário "Domingo" de ontem, centrais).
Atenção: imagino a porção de relatórios do género que têm sido apresentados a Guebuza.

26 julho 2009

Chegou a hora do panga

De acordo com um jornal galego - La voz de Galicia - , o ministro moçambicano das pescas, Cadmiel Muthemba (à esquerda na foto), pôs à disposição da multinacional Pescanova cerca de 250 mil hectares de água doce para produzir pelo menos dez mil toneladas anuais de peixe panga e dessa maneira tornar-se o líder mundial dessa espécie de baixo custo. Confira aqui. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.
Adenda 1: leia aqui uma opinião desabonatória sobre o peixe-gato ou panga. Entretanto, em programa de balanço sobre as actividades do seu ministério, Muthemba falou há dias na Rádio Moçambique sobre o aproveitamento industrial desse peixe, mas não sei se a nossa imprensa escrita conhece o acordo agora aqui dado a conhecer e que tanto hectare implica.
Adenda 2 às 19:16: leia ainda este outro trabalho, com um título expressivo: Empresários galegos também sabem colonizar em Moçambique.
Adenda 3 às 19:29: creio que se amplia internacionalmente a oferta dos nossos recursos naturais para exploração empresarial externa. Continuo a interrogar-me sobre esta economia rendeira, sobre onde anda - ou poderia andar - a nossa burguesia industrial.
Adenda 4 às 19:33: graças a uma busca feita pelo Ricardo, eis um vídeo sobre o panga, aqui.

Diário de bordo de Raquel: médica brasileira que trabalhou em Tete com doentes de HIV/SIDA


Creio valer a pena conhecer o diário de bordo (em 19 partes) de uma médica brasileira, Raquel Yokoda, que trabalhou em Tete em 2006/7 com a organização Médicos sem Fronteiras. Aos 26 anos, essa paulista teve por missão tratar de doentes com HIV/SIDA. Eis a parte 1, que começa a 14 de Dezembro de 2006, aqui. Prossiga a leitura por aqui.
E, tal como Raquel escreveu no seu diário, tatenda (=obrigado em ShiNhungwe) por ter ajudado o nosso povo.

Sociologia aplicada

A notícia é de 2001, mas creio valer a pena recordá-la, quanto mais não seja para termos, neste belo domingo em Maputo, uma ideia irónica da versatilidade de usos que podemos dar à sociologia: "Curandeiros liderados por um professor de Sociologia realizaram um ritual no estádio Harare, o maior do país. A iniciativa tinha como objectivo "varrer a má sorte no estádio e apaziguar os espíritos dos adeptos que ali morreram, no ano passado". Os curandeiros serviram bebidas tradicionais, sacrificaram uma vaca preta, em dedicação aos espíritos dos mortos, e uma cabra de cor branca, em atenção às vítimas do sexo feminino e jovens. (Notícias, 11/09/01).

Psicologia dos produtores da pátria (7)

Vamos lá a mais um pouco da série, em pequenas gotas, ao meu jeito.
Lembram-se de que escrevi o seguinte no fecho do meu último número em relação às barreiras que moldaram o percurso dos produtores da pátria : "Portanto, três barreiras: a primeira, contra a formação de uma burguesia nacional do tipo empresarial; a segunda, contra a diversidade política e, portanto, contra a via capitalista; a terceira, contra os regimes citados, expressamente contra o racismo."
As duas primeiras são, naturalmente, produto natural da luta anterior a 1975. A terceira foi produto não menos natural do modelo de relações sociais que passaram, em suas sucessivas e desiguais experiências, a ritmar a vida do nosso país. Sem dúvida que esse modelo incomodou seriamente os regimes racistas e capitalistas de Salisbury e Pretória.
As três barreiras dotaram, em seus diversos momentos históricos, o grupo hegemónico dos produtores da pátria de três características: tenacidade, versatilidade e crença na insubstituabilidade histórica.
Nota: em qualquer momento posso alterar o que aqui deixo escrito. Se isso acontecer, surgirão a vermelho as partes alteradas e/ou acrescentadas. Seria muito bom que os leitores pudessem contribuir com outras leituras, criticando as que aqui são propostas.
(continua)

25 julho 2009

Nossa cultura

Recenseamento eleitoral: BPPM confirma muitas das queixas da Renamo

Brevemente


Esse trabalho estará brevemente editado, trata-se da tese de mestrado de João Feijó (clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar). O autor trabalha presentemente no seu doutoramento em Moçambique num fascinante tema de relações inter-culturais no qual sou co-orientador.

Burundi: crimes contra albinos


Os albinos vivem em pânico diário no Burundi. São assassainados para que partes dos seus corpos sejam usados em operações mágicas. Cinco homens foram presos. Vários foram condenados no dia 23, dos quais um a prisão perpétua (na imagem acima, albinos acompanham o julgamento). Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, por me me ter chamado a atenção para o julgamento.
Adenda: neste diário tem havido uma permanente denúncia das atrocidades cometidas contra albinos. Recorde postagens aqui, aqui, aqui e aqui.

Acidentes de viação e ganhometria (2)


Mais um pouco desta série.
Tanto quanto julgo saber, não existe ainda ainda, publicado, um estudo sobre a sinistralidade rodoviária em Moçambique, em toda a sua complexidade.
Por aquilo que é possível avaliar na imprensa, os acidentes nas nossas estradas (conceito vago, pois uma picada rural não é do mesmo género que a autra-estrada urbana) são regra geral atribuídos a três causas: desrespeito pelas regras de trânsito, excesso de velocidade, embriaguez.
Essas causas são inseridas em complexos explicativos individualizados do tipo: ele conduzia em grande velocidade, fez uma ultrapassagem errada, não respeitou os sinais luminosos, etc.
Sem dúvida que a responsabilidade individual é parte integrante dos acidentes de viação.
Porém, dizendo as coisas de forma pedante, julgo ser necessário situar a sinistralidade rodoviária dentro de complexos explicativos sociais.
(continua)

Prossegue saque da nossa madeira

Adenda: imagino situações do mesmo ou parecido jaez que não chegam aos órgãos de informação, especialmente se é de maior peso social quem está em cima e manda ou faz mandar. Finalmente, recordo que este diário está cheio de postagens alusivas aqo saque da nossa madeira.Recorde, por exemplo, esta série, aqui.

A "hora do fecho" no "Savana"

Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "A hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com "A hora do fecho" desta semana, da qual ofereço, desde já, dois aperitivos:

24 julho 2009

Obrigado pela honra!


Reproduzido do Blogue da Comunicação - blogue brasileiro -, a conferir aqui. Obrigado aos colunistas, em particular aos Guilherme Freitas.