23 abril 2009

Bicicletando boas intenções

Com o título apodítico "Três mil bicicletas substituem "chapa", o "Notícias" de hoje reporta que "Cerca de três mil bicicletas de diferentes modelos serão postas no mercado em finais de Maio próximo através de feiras, devendo na primeira fase privilegiar-se os funcionários do Estado residentes na cidade e província do Maputo, para que possam as usar na sua deslocação de e para os locais de trabalho em substituição paulatina dos transportes semicolectivos de passageiros, os “chapa”, que teimam em escassear." Liderado pelos Ministérios dos Transportes e Comunicações e da Indústria e Comércio, o projecto, a ser testado primeiro na cidade e na província de Maputo, dispensa os combustíveis, protege o ambiente e permite a salutar prática de exercício físico.
Comentário: numa cidade como a de Maputo, que deve ser, ao nível da África Austral, se não a maior passarela, pelo menos uma das mais exemplares passarelas de carros de luxo e de sonhos 4x4, bicicletar é, claro, um projecto samaritano. Vamos aguardar o resultado de tão boa intenção. Já agora, biciclete um pouco lendo estas duas cartas de leitores no "Notícias" (também de hoje), aqui e aqui.

8 comentários:

Anónimo disse...

penso k a ideia das bicicletas nao é má. Mesmo k maputo seja um pais de carros de luxos, sabe-se k a minoria é k os possui mas, em grande numero.
Agora, o k se deve pensar é na seguranca dos bicicletistas (se é k esta palavra existe). ë sabido k a seguranca pode jogar um papel importante no sucesso da iniciativa.
Talvez nao seja prioritario desenvolver espaco especial para bicicletas visto k o nosso pais carece ainda de extensao de estradas asfaltadas nas zonas rurais e urbanas, mas se pode pensar num regulamento rigido para com os automobilistas.
Mais ainda, talvez com escassez de passageiros para os chapas, estes comecem respeitar nos (nós, cidadaos comuns).
Avante, o meio ambiente tambem agradece

Anónimo disse...

Montem balnearios publicos para banhos, melhor um shopingcentre para banhos de bicicletantes, porque nao devera ser muito higienico eu pedalar de Magoanine para a baixa e irromper escritorio dentro todo catingado. Os ministros vivem mais perto, bicicletas para eles tambem as financas agradecem.

Anónimo disse...

Anonimo (dos balnearios)

Nao é correcto discartar toda uma ideia por causa de alguns constragimentos. Os que vivem longe poderam continuar com os chapas, até porque nao se falou de banimento de transportes publicos.
Em quelimane faz um calor pior k maputo e mesmo assim a bicicleta é usada e nao como meio de transporte pessoal apenas, mas para carga tambem. E funciona bem.
Quem deve criar condicoes de higiene pessoal sao os ministerios, empresas privadas etc, pra seus funcionarios.
O custo de vida em moc é alto para muitos de nós e de certeza, k bicicletas reduzirao pelo menos 300mt mes em transporte publico. Mais ainda, teremos um pais com menor incidencia de problemas de pressao arterial por causa dos exercicios fisicos k estao associados. Acho k deveremos pensar como melhor a ideia e nao sermos totalmente negativistas num pais com poucas opcoes.
Contudo, respeito a sua opiniao

Anónimo disse...

Maputo precisa de um sistema eficaz de transporte publico combinando comboios (Machava, Marracuene, Malhampsene, Boane, Matola), barcos (Matola) e autocarros, e melhoria das rodovias. Depois disso elevem as taxas de parqueamento na Cidade para privados. Ganha-se seguranca nos transportes, cria-se mais empregos, descongestiona-se e polui-se menos a cidade.

Anónimo disse...

> Plenamente de acordo com o anónimo que diz "Maputo precisa de um sistema de transporte publico ... ..."
> SISTEMA é a questão chave!

> A bicicleta em Maputo, como factor relevante para a resolução dos transportes públicos é pura fantasia.

> O exemplo de Quelimane (cidade plana, como Beira ou Inhambane)onde surgiram os Táxi-bicicletas, não serve para Maputo.

Jonathan McCharty disse...

Os nossos dirigentes devem observar as coisas quando viajam!
Nos paises onde bicicletas sao usadas em grande quantidade, a zona de "rolagem" nao e' a estrada, mas o PASSEIO. Nos cruzamentos, o lancil deve ser eliminado, tornando-se como se fosse uma rampa de acesso de veiculos a garagem (barrier free concept), a sinalizacao deve estar bem clara, passadeiras bem visiveis.
E, fundamentalmente, o automobilista deve ser educado a conduzir com atencao e respeitar os ciclistas (estes teem prioridade).

Agora, sem nada disso realizado, e bicicletas atiradas de "para-quedas" directamente para a via publica, nao haja duvidas que estamos em presenca de um caso classico da nossa "cultura de levantar voo e ja no ar, verificar se o motor tem oleo e combustivel para a jornada"!

Esperemos para ver o numero de incidentes que se seguiram! Nao estou aqui, de maneira alguma, a rogar pragas! Estou apenas a apontar os riscos!!

Mas, em ano de eleicoes,......, bicicletar a intencao de voto, pode compensar!!

Anónimo disse...

Caro Professor, sou um "Transportation Planning Scholar" e gostaria de deixar o meu pensamento a cerca deste assunto.
efectivamente a bicicleta deve ser encarada como uma boa solução para a mobilidade das pessoas, principalmente as famílias de baixa renda. a sua implementação deve ser analisada de vários ângulos, e um deles (o Professor pode dar a sua contribuição) é o factor sociológico. os hábitos e costumes da nossa sociedade, permitem que uma mulher guie um bicicleta?
a implementação da bicicleta deve ser antecedida de um projecto em termos de infraestrutura rodoviária, de modo a construir pistas próprias para ciclistas e peões; sabemos que os amigos do alheio estão atentos a qualquer situação para tirarem benefício, onde serão estacionadas as 3000 bicicletas? é necessário criar facilidades para o efeito; voltando a questão da mobilidade, é necessário que se crie condições de reduzir ao máximo a circulação de viaturas privadas na baixa da cidade para a circulação da bicicleta seja eficiente. existem muitos mais assuntos, no entanto deixo apenas estes e, caso se justifique darei outra contribuição.

Transportation Planning Scholar

Carlos Serra disse...

Muito obrigado por todas as contribuições. Creio que cada um de nós gostaria de saber se foi previamente feito um estudo para recolher e analisar realidades e percepções. Quando referi a mentalidade 4/4, tentei criar uma nota de humor, mas de forma nenhuma invalidar a oportunidade da ideia. Vamos em frente!