15 março 2009

Caloiros: ritos iniciáticos

De acordo com o "Notícias" de ontem "Um acto de selvajaria e de excessos sem precedentes na história do Instituto Superior de Ciência e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), na cidade de Maputo, acabou ontem por manchar e desvirtuar completamente o sentido do que se pretendia que fosse a tradicional recepção dos novos estudantes ao Ensino Superior, mais conhecida por “baptismo dos caloiros”.  Parece que as coisas foram particularmente duras entre os estudantes de medicina dentária. Há uns anos atrás, na Faculdade de Letras e Ciências Sociais, houve igualmente muita violência. Quando eu estudava no antigo Liceu Salazar (hoje Escola Secundária Josina Machel, cidade de Maputo), era obrigatório os caloiros serem mergulhados num lago infecto que ainda hoje lá está.
Perante que fenómeno estamos? Perante um rito de iniciação, cuja amplitude e cuja variedade pude uma vez verificar em Coimbra.
Rito de iniciação a quê? À maturidade. Ou a um determinado tipo de maturidade. Os mais velhos obrigam os mais novos, os iniciados, a passar por determinadas provas dolorosas. A violência, frequentemente castrense, é inscrita no corpo dos neófitos. Quanto mais duras as provas, mais consistente é suposta ser a ascensão à maturidade, ao clube dos velhos, dos que já sabem, dos que já cresceram. Para usar uma imagem dos ritos de circuncisão vigentes, hoje ainda, no norte do país, os iniciados têem o seu prepúcio cortado para que possam ascender ao reino dos adultos, às suas regras e aos seus segredos.

4 comentários:

Sir Baba Sharubu disse...

What is the origin of the initiation rituals in MOZ Universities ?

Are there known cases of such rituals having provoked death and injury ?

Aboo Patel disse...

Creio q normalmente sao os estudantes repetentes e mais "burros" (permitam a expressao) q lideram esta pratica. Ou seja mais um motivo p/ a sua abolicao. A menos q queiramos glorificar a selvageria.

No caso do ISCTEM acho q as vitimas tem todo direito de processar os colegas e creio q isso seria uma boa licao p/ todo o mundo.

E obrigado professor pelo lindo trabalho de utilidade publica como q e' o seu blog (especialmente para a diaspora).

El Machangana

Anónimo disse...

Professor, esse fenomeno é antigo e currioso. Quando entrei na Universidade Eduardo Mondlane em 2004, fui "Batizado", uma coisa cruel, suja, e parece que quanto mais prejudicial e marcante for melhor, tive um colega, filha da Dra Ana Loforte que desmaiou 2 veses, até agora não percebo que ritos de iniciação é aquilo, não aprendi nada, a minha integração não teve nada haver com aquele "batismo".

Eu acho que isso deve acabar, não tem graça, TUDO DEPENDE DA DIRECÇÃO DAS FACULDADES E DA REITORIA,

Dre@mer disse...

Alo.
Vendo do ponto de estudante e na 1º pessoa:

Quando entrei na faculdade em 2001 tb tive um batismo dos "piores" até acho que este da ISCTEM nada se compara...

Mas na altura, era miudo, e não vi os contra efeitos do batismo, até que como estudante adorei...pk o lema era : "apos o batismo sinto me universitario" e qd passamos para o 2 ano, o objectivo era fazer um batismo "mais pior" que o anterior... e assim foi feito