30 julho 2008

Do poder político (5) (continua)

Prossigo um pouco a série recordando duas perguntas:
1. De que maneira posso conseguir que A, B, N, façam o que eu, Estado, quero que eles façam?
2. De que maneira eu, Estado, posso induzir condutas de forma permanente, sabendo bem que tenho de fazer face a resistências de vária índole?
Respostas:
1. Preciso empregar a força
2. Preciso empregar a persuasão
Já vos falei um pouco na força.
Porém, todas as elites dominantes, gestoras de Estados, procuram sempre economizar na força e investir em sectores, em aparelhos capazes de produzir e de reproduzir a obediência e de diminuir o risco do protesto social. Não basta o bastão, importa também accionar o sedativo, o entorpecente. E aqui - ponto capital -, a questão na persuasão consiste em encontrar os mecanismos capazes de surtirem efeito a dois níveis:
1. Conversão dos interesses particulares ou privados em interesses universais, em interesses de todos
2. Investimento em áreas de diversão, de ludicidade, de entorpecimento da crítica
Na busca de legitimidade, a elite dominante procura disfarçar os seus interesses particulares dando-lhes o cunho de interesses universais, gerais, partilhados por todos, por todos sentidos. Neste sentido, o Estado deve surgir não como algo que se imponha aos súbditos, como algo estrangeiro, mas como uma entidade sénior oriunda dos súbditos, o Estado também é súbito, ele é uma emanação legítima desses súbditos, ele é apenas um seu gestor. Pelos mais variados canais de comunicação, públicos e privados, ao nível da palavra escrita e falada, através dos seus intelectuais orgânicos, a elite dominante passa uma mensagem com dois níveis:
1. Está ao serviço de todos os cidadãos e do seu bem-estar
2. Cada cidadão deve contribuir para o interesse geral

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