05 setembro 2007

Moyana, Madeira e a democracia

No seu excelente editorial de hoje, o director do semanário "Magazine", Salomão Moyana, criticou os "analistas" (as aspas são dele) que explicaram mal e apressadamente a exoneração de Joaquim Madeira do cargo de procurador-geral da República (p. 7).
Entende Moyana (e bem) que em democracia não há cargos vitalícios ou monárquicos.
A substituição de Madeira até já devia ter acontecido há mais tempo - defende Moyana.
Mas por que demorou Guebuza a exonerar Madeira? O que aconteceu foi que Guebuza deixou que Madeira cumprisse o que tecnicamente devia cumprir. Cumprido o que havia que cumprir, Madeira foi exonerado. Com algum atraso (tacticamente explicável), mas foi.
Porém, o problema principal (a tese técnica de Moyana é impugnável, mas fazê-lo não é agora para mim relevante) até nem é por que Madeira foi sacrificado às regras da democracia.
O problema principal é por que a tese de Moyana não foi extendida até ao presidente do Tribunal Supremo, Mário Mangaze, que está no cargo desde 1988.
Ou, por outras palavras: por que razão Guebuza ainda o não exonerou para fazer jus à rotatividade da democracia.
Na realidade: por que razão Guebuza esteve atento à rotatividade democrática no caso de Madeira mas parece ignorá-la no caso de Mangaze?
Seria admirável que Salomão Moyana tentasse responder a essa pergunta no próximo editorial.

6 comentários:

Anónimo disse...

A exoneraçao de Madeira causa admiraçao para quem ainda nao compreende o que e cargo publico na democracia. Nos aqui em moçambique entendemos que ser exonerado a um cargo e uma vergonha. Mas la no mundo fora se a pessoa amostra uma incompetencia ela se dimite sem esperar que acha uma pressao externa, essa e uma forma de evitar o pior.

Issa tambem devia ser extensiva ao presidente do Tribunal Supremo ele e conivente de muita malandragem nos casos quentes do pais.

Se na verdade o presidente Guebuza quer ter um diferencial em beneficio da populaçao deve fechar olhos para pisar os intocaveis deste pais ate mesmo no proprio partido tem pessoas com ideias transitorias.

Os seus assessores tambem e uma outra confusao, decitirao que deviam alocar sete milhoes aos distritos sem nenhum projecto palpavel, nos estamos entre os paises da SADC e vamos no mercado livre sem suporte financeiro, esse dinheiro poderia ser aplicado em joint venture, porque assim poderia criar novos empregos para combater a tal pobreza absoluta que vem se falando pelo chefe de estado. O povo quer trabalho para ter renda, imagine ate no fim do mandato o governo vai gastar mais de 1 bilhao talves em projetos que nem terao continuidade( sustentabilidade).

Carlos Serra disse...

O meu problema tem a ver com a lógica da explicação de Salomão Moyana, homologada (ou percutida) pelo princípio da rotatividade de cargos na democracia, lógica que não cobriu Mangaze. E este é um ponto vital. Por outro lado, tenho sérias dúvidas de que o princípio de rotatividade escape à lógica do comando político, especialmente quando este está em competição.

Anónimo disse...

Oh Prof.Serra, va-la ao pandora box. Veja os negocios da Familia Mangaze. Madeira nao eh da corte.

Neste tem que ser politico (da freli) e businessman ligado a corte para que as suas bases sejam solidas. Se nao tiver estes dois requisitos, no minimo seja "escovinha" (tipo E. Macuacua e Sibindi), nao fale mal do poder e nem va contra o poder.

Ai sim, sua vida estara mais sossegada.

Carlos Serra disse...

Pode crer que todos os dias "pandoro", página a página.

Salvador Langa disse...

Xamuali precisa saber Madeira saiu porque estava incomodar com a historia da corrupcao mas mano Mangaze esse nao precisa corrupcao nao existe.

JCTivane disse...

Pode Moyana provar que a democracia gera melhores resultados que a monarquia?