06 fevereiro 2007

Morremos ainda muito e vivemos ainda pouco em Moçambique


Com base no censo populacional de 1997, o Instituto Nacional de Estatística (INE) observou o seguinte sobre a mortalidade em Moçambique:

"Nos países industrializados, onde se iniciou a queda da mortalidade, a esperança de vida actual é de 74 anos. Não obstante, nos países em desenvolvimento a esperança de vida é de 62 anos, e na África Subsariana, região que exibe os níveis de mortalidade mais elevados do mundo, é apenas de 51 anos. Mais de metade dos países da parte continental dessa região africana ainda tem uma esperança da vida ao nascer abaixo dos 50 anos.
Em Moçambique, a esperança de vida ao nascer é de 42.3 anos para ambos os sexos, sendo 40.6 anos para os homens e 44.0 anos para as mulheres."- confira aqui.

Mas na evolução da esperança de vida ao nascer por sexo (Censo-1980, Censo-1997, Projecções 1997-2010), o INE apresenta para 2005 o índice 45,2 para homens e o índice 49,0 para mulheres. Veja aqui.

Finalmente, para o Índice de Desenvolvimento Humano e na rubrica dos agregados macro-económicos, o índice de esperança de vida (2000-2004) apresenta novos valores:

Assim, o Norte (Niassa, Cabo Delgado e Nampula) tem uma esperança agrupada de vida de 0.30722, o Centro (Zambézia, Tete, Manica e Sofala) de 0.34667 e o Sul (Inhambane, Gaza, Maputo Província e Maputo Cidade) de 0.45958. Só a cidade de Maputo tem o índice 0.56. Veja aqui.
Sejam quais forem as variações nos índices e não esquecendo a minha fraqueza na interpretação da estatísticas, o que se pode concluir sensatamente é que morremos ainda muito (para dados com base no censo de 1997, confira aqui) e que vivemos ainda pouco tempo em Moçambique.
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N.B. - Receberei de bom grado críticas e correcções a estes dados.

4 comentários:

JCTivane disse...

Melhor viver ao menos aqui na cidade de Maputo, duramos mais.

Anónimo disse...

È inquietante ler estas estatísticas.Minha avó tem 84 anos e tenho uma bisa que está com 92,são bastante lúcidas e ativas.Pareçe que estou acordando para o mundo agora.Sinto-me um tanto "Sidarta", que viveu uma parte da sua vida entre muralhas...desconheçendo as misérias, fomes, doenças, desgraças da vida humana, (que os seus),tentaram lhe esconder.Apesar de estar cursando uma faculdade, e já ter lido sobre assuntos variados acerca de mundos...O Brasil principalmente...só aqui posso perceber a verdade estampada em cada comentário, em cada ânsia, em cada sentir.Quanto é diferente...ler e sentir de perto.
Meu país não é exemplo nenhum...mas é tudo diferente,muito diferente.Amo este Diário por tudo que posso aqui ler, ver e sentir.Obrigada professor.Obrigada leitores/comentadores.

chapa100 disse...

gabi! aqui a gente morre na agonia de querer viver mais. acreditamos que a vida elastica-se, como? ninguem sabe, mas inventamos uma palavra magica: desenrasca a vida. acordamos todos os dias e gritamos: vou desenrascar. e a vida elastica-se. criamos rugas para medir o tempo e a desgraca. a nossa velhice esta no que somos capaz de viver num dia. uma magia gabi. tens que ver as nossas criancas, sao elasticas. vivem como um yo-yo. elasticadas entre brincar crianca e pensar adulto. chutar uma bola e vender gelo-doce.apanhar uma malaria e comer arroz. entao a tua avo para nos deve ser uma baoba que "virou" pessoa. a tua avo tem a idade multiplicada com numeros infinitos, nos nascemos cedo e morremos cedo. mas sabemos elasticar a vida.

do brasil nao sei muito, mas quando estive no rio de janeiro, vi criancas elasticadas tambem. elastico nosso e elastico do brasil deve ser outra coisa. so tu podes explicar a diferenca.

Anónimo disse...

Chapa 100:
Comentei apenas sobre a estatística de vida em teu país.Se voce procurar ler um pouco mais sobre a estatística de vida no Brasil, verás quanto saltou o índice de vida entre nossos idosos.A quantidade de pessoas com 80 anos ou mais,(aparentando bem menos), é imensa,não sei dizer exatamente o percentual, mas procurarei saber.Nosso governo atribui a crise existente no INSS, (orgão responsável por pensões para aposentados), justamente por este fator, " nossos velhos estão com maior índice de longevidade), aliás, um destes fatores, melhor dizendo.Não sei te dizer o que está causando este fenômeno, pois nosso povo, em sua maioria vive com um mísero salário mínimo de 350,00, (já que falamos tanto em jeans, vamos comparar: Esta quantia não compra uma calça jeans de boa qualidade),e além disto, pesquisas apontam que em sua grande maioria, estas pensões (aposentadorias), "ajudam" seus filhos e netos, tamanho
o índice de desemprego.
Quanto as nossas crianças,(estatísticas mostram que foram reduzidos o índice de mortalidade infantíl), são tambem elásticas e me parece mais ainda que as vossas,pois além de não possuirem sonhos,perspectivas, faltam-lhes comida, educação, moradia, e o mais grave: usam drogas, assaltam a mão armada, matam por motivos banais,(ex: para pegar um tênis que achou bonito,uma bola de futebol...etc), ou ainda são usados por traficantes como "aviões" (encarregados de levar a droga ao seu destino),são crianças que quando apanhadas são levadas à FEBEM (orgão-prisão para recuperação de adolescentes), saindo deste lugar mais perigosos ainda.Como bem dizemos, uma escola de ladrões e assasinos."Várias" medidas foram tomadas para minimizar tal realidade ,(diz o governo),mas a realidade é esta.
Espero que desta vez, tenha entendido meu pensar. Graças a deus minhas avós são baobá que "virarão" pessoas; espero, e como espero tambem virar um belo e eterno baobá;pois apesar desta vida ser uma coisa tão assim, meio doida, coisa de coisas coisadas...AMO, IMENSAMENTE ESTA DOCE E DOIDA VIDA!!!