02 maio 2006

O espírito do aceita-tudo


Sempre me admirarei com a espantosa capacidade de as pessoas aceitarem viajar nas condições mostradas por esta foto, publicada no “Notícias” de hoje.
É essa naturalização do sofrimento assumido e do sacrifício diariamente praticado que, em mim, espanta o sociólogo e magoa o cidadão.
Todos os dias isso acontece, se gente passa, naturalidade fica. Os olhos já não olham, cristalizaram-se no hábito. E os corações criaram calos.
Mas, provavelmente, se eu vivesse como essas pessoas faria o mesmo, praticaria o espírito do aceita-tudo. E talvez nem sequer pensasse nisso, acharia tudo natural, lógico.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu nao diria o "esprito do aceita tudo", mas sim a logica da sobrevivencia! Tem eles outra alternativa? Como disse Robert Castel existir positivamente como individu, é ter capacidade de desenvolver estratégias pessoais, ter autonomia e nao depender do outro, isto significa pelo menos nao estar desempregado ou ser propriétario. Qdo tal nao acontece o estado deveria intervir com as ditas politicas sociais. Ora, se o estado, nao intervem para manter a coesao social (solidariedade organica) uma boa pate da sociedade civil (os individus que se destinguem pela negativa)é deixada à sua sorte; O que nao lhes impede de desenvolverem suas proprias estratégias, como por exemplo deslocarem-se " na montanha russa" como demonstra a foto.Certo ou errado professor?
Por outro lado, a outra parte da sociedade civil (individus que se distinguem pela positiva) convem-lhes “ver mas nao observar” (coraçao com calos?)Afinal quem tem "coraçao com calos" ? Sera que sao os membros da sociedade civil que se afirmam como individuos pela pela positiva? ou serao aqueles que se distinguem pela negativa? Certo os individuos que se afirmam pela positiva, empregados ou propriétarios, estrelas da TV como a Opera, ou corredores como Karl Lewis... estao aptos para comprar os ultimos modelos de oculos escuros de marca, em Milao, Paris ou Nova York, pouco importa ... sejam os oculos Dolce et Gabana , Donna Karan, ou Cristian Dior... o importante é verem o mundo en “or” (ouro, gold!) Assim sendo asuela fotografia nao é mais do um quadro dum pintor famoso do seculo XXII, cotado nas bolsas internacionais...
Nao é professor?!
Ups! chumbei.
assunto complicado...
Paula