18 abril 2006

Sair de mim

Um dia eu fiz assim: saí de mim. Acho que achei que achar diferente isso seria insólito. A questão simples é que saí. Quando de nós saímos há sempre coisas estranhas, mas, afinal, sensatas, a mais importante das quais talvez seja sabermos e não sabermos que de nós saímos. Porque quando de nós saímos sabemos que isso é impossível; e quando de nós não saímos sabemos que sempre saímos. A distância entre uma coisa e outra tem o tamanho de um gesto modesto, real e possível, como um grão de areia. Com ele fabricamos o dia das transgressões, pacatos hoje, subvertores amanhã. O que é a história, afinal, senão essa tensão, doce e tensa, trágica e ansiada, impossível e possível?

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